Dilma, impedida, continua elegível. Temer, empossado, está
inelegível! A inevitável comparação deste paradoxal cenário de momento, na
conjuntura política brasileira, nos deixa pistas de que há algo de muito
errado…
Para
além de questões puramente ideológicas ou partidárias, é notório que esse
impeachment não passou de uma manobra política. Ou, como afirmou a própria
presidente cassada: Golpe! Quem ironizou se despedindo da agora ex-presidenta,
talvez se arrependa, caso seu substituto, o Michel Temer, ponha mesmo em
prática todo seu, já apelidado, “Pacote de Maldades”…
Aí, será “tchau querida” mesmo… Tchau queridas conquistas sociais, tchau
queridas férias, tchau querido 13º salário, tchau querida CLT, tchau querida Previdência,
tchau querida Bolsa Família, tchau querida Minha Casa Minha Vida, tchau querido
Prouni, tchau querido Brasil Alfabetizado, tchau querida Universidade pública…
O dia 31 de agosto de 2016 já entrou para a história do Brasil. E quem
acredita nos rumores de “Agosto, mês das catástrofes”, assistiu a uma no
derradeiro dia desse mês que tardou em acabar: a Democracia foi ferida, não de
morte, pois os tempos são outros. Mas sangra. Adoecida. O impeachment de Dilma
Rousseff é cristalinamente o desfecho de uma vingança. Vingança
estrategicamente planejada desde o momento em que o TSE anunciou a reeleição da
petista, no último pleito.
Esse brado “fora Dilma” veio desde então. Oposição prometeu “sangrá-la”,
impedir sua governabilidade. Conseguiu apoiada por setores da chamada “grande
imprensa”, da Polícia Federal, do Judiciário… Ela caiu. Dilma caiu. Mas de
cabeça erguida. Orgulhou a muitos por encarar seu julgamento no Senado, firme,
olho no olho dos seus acusadores.
Já os “vencedores”, não escondem suas caras de bunda, constrangidos.
Podem até “enganar” parte do povo brasileiro, arrotando que o impedimento foi
“Constitucional”. Toda a comunidade internacional e outra parte de brasileiros,
no entanto, sabem que nada passou de um golpe parlamentar.
Quem perde com tudo isso, com esse espetáculo de horrores assistido no
Congresso Nacional, primeiro na Câmara, depois no Senado, é a Democracia. A já
frágil Democracia. Padecerá ainda mais de prestígio.
No fundo, no fundo, quem defendeu o
impeachment sabe que Dilma não cometeu crime algum.
O que estava por detrás desse expediente era recuperar o poder para uma
ideologia político-financeira que, possivelmente, não voltaria ao poder via
voto.
Num futuro, não muito distante, teses e mais teses de estudiosos
demonstrarão o que, por hora, muitas vozes já ecoam: Foi golpe! Mais refinado,
mais sutil, mais “amparado” nas brechas da nossa Constituição. Mas, golpe!
Fonte: http://bahianalupa.com.br/tchau-querida-democracia/