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sexta-feira, 30 de maio de 2014

ARTE É VIDA

PROJETO
Arte é vida
TEMA
Porque arte na educação
OBJETIVO
Ampliar o conhecimento do mundo que possuem, manipulando diferentes objetos e materiais, estimular e despertar nas crianças o gosto pela pintura e pelas artes.
MATERIAIS
Caneta hidrocor, cola, areia, fita adesiva, revistas e garrafinhas pet.
CONHECIMENTO PRÉVIO
Conhecer alguns tipos de artes brasileiras.
ATIVIDADE MOTIVACIONAL
Solicitar dos  alunos uma pequena tela, montar uma oficina de pintura no pátio e cada aluno pintará  o que a imaginação mandar. Finalizar o projeto com uma exposição onde os alunos apresentará para os pais o resultado das suas construções.
TÉCNICA DE DESENHO
Pontilhismo
MATEMÁTICA
Dominó
OFICINA DE ARTE
Relógio do tempo (ampulheta)
RECREAÇÃO DIRIGIDA
Batata-quente
ATIVIDADES DIVERSIFICADAS
#Rodinha de conversa
#Música AQUARELA (Toquinho)
#Estória
#Quebra-cabeça
#Desenho livre
#Recorte e colagem
#Vídeo: Exposição de arte
JOGOS E BRINCADEIRAS
*Espelho vivo
*Corrida do equilíbrio (livro na cabeça)
*Basquete
*Cantiga de roda
*Caixa surpresa com música e desfile.
AVALIAÇÃO

Observar no decorrer do projeto o interesse e a coletividade dos alunos nas realizações das atividades.

Josefa Zuleide Reis  de Freitas, pedagoga. Salvador, 2014

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sábado, 24 de maio de 2014

"Relatos de uma Sertaneja - Juventude " - Capítulo II

                                                 CAPITULO II

Com 14 anos de idade, comecei a trabalhar para ajudar nas despesas, fiz de tudo um pouco: Vendi goiabas na frente do mercado, trabalhei na roça fazendo a colheita do milho e feijão, trabalhei em uma casa de farinha, em uma casa de fazer linguiça, fui babá, fiz faxina em uma colônia, onde residiam quatro engenheiros agrônomos... A necessidade não me permitia ter preguiça.

Mercado aberto de Ribeira do Pombal/BA
Tornei-me uma adolescente bonita com jeito de mulher, um tanto ingênua, confiava muito nas pessoas. Minha mãe me alertava dizendo que não era assim que o mundo funcionava e por duas vezes vivenciei de fato esse alerta. A primeira vez foi por conta das tantas casas que morávamos de aluguel. Foi assim:

Era dia de pagar o aluguel, mas meu pai ainda não tinha o dinheiro, então ele me mandou ir até a casa do proprietário para que eu pudesse explicar que, assim que tivesse o dinheiro ele trataria de pagar o que devia. Quando cheguei à casa do proprietário, ele estava sozinho, mandou eu entrar, contudo não o fiz, fiquei na porta. Expliquei toda situação do meu pai, foi aí que ele disse que não era necessária tanta preocupação, pois ele tinha uma solução bem melhor, bastava eu “ficar” com ele de vez em quando e pronto, não precisaríamos mais nos preocupar com o aluguel da casa. Ele se encarregaria de não deixar a mulher dele nunca saber.

Deus do céu! Fiquei tão envergonhada com tal proposta... Fui embora sem conseguir dizer uma palavra. Meu coração ficou cheio de tristeza. Chegando em casa contei tudo para meu pai e na mesma hora ele, muito irritado, foi até a casa do sujeito. Quando o autor da proposta indecorosa nos viu chegando, ficou completamente pálido de susto. Meu pai, muito nervoso, começou a falar alto, o dono da casa pediu que ele falasse baixo, pois sua esposa já estava em casa; pai não se fez de rogado, chamou a mulher e contou tudo que se passou, contou sobre a proposta indecente que o marido dela havia feito a mim. Aquele homem, em uma tentativa de se safar, disse que era tudo mentira minha, que eu tinha inventado para livrar meu pai da dívida do aluguel. A mulher o mandou calar a boca, pois sabia o safado que ele era.

Ela, envergonhada, nos pediu desculpas pela falta de respeito do marido e liberou meu pai do aluguel daquele mês, mas meu pai não aceitou; na mesma semana conseguiu o dinheiro, pagou o aluguel e entregamos a casa.

Jeremoabo/BA
Com 15 anos de idade, vivenciei outra situação ainda pior, triste e humilhante. Aconteceu da seguinte maneira:

Um primo do meu pai, que morava em Jeremoabo e era dono de um hotel-bar, estava de visita aos parentes de Pombal e foi visitar meu pai. Percebi que ficava me observando.

Ele perguntou se eu estudava, se gostava de ler, se eu escrevia bem... Respondi que sim, toda contente, foi aí que ele falou para meu pai que estava precisando de moças para trabalhar no hotel-bar na parte de atendimento aos clientes. Como eu sabia ler, tinha ótima aparência, seria oportuno esse emprego, eu iria ganhar bem, seria uma ótima oportunidade para ajudar em casa. Se meu pai permitisse, ele se responsabilizaria por mim e no final de cada mês eu receberia meu pagamento e iria pra casa passar o fim de semana. Quando ele me perguntou se eu queria trabalhar para ele, respondi que sim sem nenhuma dúvida, queria um bom emprego para obter dinheiro suficiente para comprar minhas coisas e ajudar em casa.

Meus pais permitiram sem receio, pois até então esse parente era uma pessoa confiável. Em nenhum momento houve o questionamento de como uma adolescente poderia ganhar bem trabalhando em um hotel-bar, não se percebia nenhuma má intenção.

Minha mãe preocupou-se com meus estudos, se eu iria abandonar a escola. . Falei que trabalharia por um ano e juntaria dinheiro para comprar uma cama, uma penteadeira, roupas bonitas para minhas irmãs Vera e Vilma e uma boneca para Cida, minha irmãzinha caçula; depois continuaria com os estudos. Arrumei a mochila e fui embora, toda contente e sem medo do futuro.

Chegamos a Jeremoabo a noite, a partir daí as coisas começaram a ficar estranhas, não fui levada para a casa dele, fui levada diretamente para o hotel-bar, que ficava um pouco fora da cidade.
Ele começou a explicar qual seria minha função; eu teria que dar “atenção especial” para determinados clientes (fazendeiros da região) eu seria bem paga por essa “atenção especial”. Meu susto foi grande, entendi na hora que teria me prostituir, esse era meu “emprego”. Fiquei sem ação, não conseguia falar nada, o medo e a tristeza me fizeram perder a voz.

Ele me mandou dormir, que pela manhã me explicaria como eu deveria agir. Não consegui dormir direito, pois o medo e ansiedade tomaram conta de mim, acordei cedíssimo ouvindo vozes de duas pessoas falando que tinha chegado uma putinha nova e bonita para trabalhar no hotel, entendi que estavam falando de mim, comecei a chorar, eu não era e nem jamais seria uma puta.

Quando ele veio me chamar para tomar café e conversar, fiz um verdadeiro escândalo, chorando alto e falando nervosa que ele tinha me enganado e enganado meus pais. Acreditei que iria trabalhar honestamente, eu jamais faria o que ele queria que eu fizesse, eu não faria por nada nesse mundo! Falei que queria ir embora naquela mesma hora e se ele não me levasse eu era capaz de ir a pé para Pombal, mas não ficaria ali.

Ele ficou agoniado e falou zangado que queria somente ajudar minha família e isso só dependia de mim. Disse ainda que não havia nada demais em ganhar dinheiro dando “atenção” a alguns homens. Um absurdo! Ele queria determinar o meu futuro, filha pobre, sete irmãos, os pais não podiam proporcionar conforto, então para ganhar dinheiro tinha mais que vender o meu corpo de adolescente para adultos obscenos.

Ele entendeu através do meu desespero que não tinha como me obrigar, então chamou um empregado, mandou que me levasse à rodoviária e comprasse uma passagem de volta à Ribeira do Pombal.

Ao chegarmos à rodoviária, essa pessoa comprou a passagem, me deu e foi embora. Fui perguntar ao vendedor o horário do ônibus e ele me informou que só haveria ônibus para Ribeira do Pombal às 05h da manhã do dia seguinte. Nessa época, para qualquer cidadezinha, só tinha um único horário de ônibus, as pessoas ainda viajavam pouco.

Fiquei mais triste e muito preocupada, pois teria que passar o dia e a noite exposta naquela pequena e suja rodoviária. Eu estava com fome, suada, necessitava de um banho, pois estava menstruada. Procurei ficar calma para não chamar atenção, mas logo fiz amizade com um jovem casal que lanchavam na pequena lanchonete da rodoviária. Eles me perguntaram de onde eu era e o porquê deu estar sozinha ali. Contei o que havia acontecido e eles ficaram indignados, foi aí que se prontificaram a me ajudar, fique tão feliz! Fui para casa deles, tomei banho, ela me deu uns paninhos, como disse antes, eu estava menstruada e naquele tempo acho que não tinha absorvente, se tinha eu nunca havia visto. Para minha felicidade fiz uma deliciosa refeição e eles me informaram que, pela manhã bem cedo, iriam à Ribeira do Pombal se matricular na Escola Agrícola e me dariam uma carona.

O rapaz ainda fez a gentileza de ir até a rodoviária ver se o vendedor devolvia o dinheiro da passagem, ele devolveu com desconto.

À noite eles me levaram a uma discoteca onde nos divertimos pra valer, meus medos passaram, eu estava com pessoas do bem.

Pela manhã viajamos para Pombal, eles me deixaram em casa, agradeci muito e disse que jamais esqueceria o que eles fizeram por mim.

Quando meus pais me viram tomaram um grande susto, sem entender essa volta repentina e com pessoas estranhas. Expliquei tudo que aconteceu, minha mãe chorou, meu pai ficou muito triste e jurou tomar providências contra o mau caráter do primo, mas esse sujeito nunca mais apareceu um Pombal.

Igreja de Ribeira do Pombal/BA  - Zona Urbana
Com 17 anos de idade conheci Carlos, um jovem de 21 anos, responsável e trabalhador; ele trabalhava na empresa de ônibus São Geraldo como despachante de tráfego. Me conquistou de cara, foi amor a primeira vista! No início, minha mãe e Pupa (meu irmão) implicaram muito, principalmente porque Carlos não era da cidade, mas eles perceberam logo que se tratava de um rapaz honesto e queria um namoro sério comigo.

Após trabalhar cinco anos como gari, minha mãe conseguiu outro emprego, ela foi contratada pela DIREC, um órgão do governo que trabalha em comunhão com a Secretaria Estadual de Educação. Mãe foi contratada para trabalhar de zeladora e merendeira da Escola Estadual Rui Barbosa.

Ser contratada pelo estado foi um presente da esposa de um deputado, filho do prefeito Ferreira Brito. Essa jovem senhora tinha um carinho ímpar por minha mãe e se prontificou a nos ajudar, além do emprego, ela também mandou construir na área da escola, na parte dos fundos, uma casa para minha mãe, uma linda casinha, com varanda, onde mãe plantou lindas roseiras e outras flores que não lembro os nomes. Enquanto mãe fosse funcionária do estado moraria nessa casa tranquilamente, sem nenhuma despesa como conta de água e luz.

Foi maravilhoso, saímos do aluguel. Nos finais de semana minha irmã Vera e eu ajudávamos nossa mãe a varrer e lavar toda escola e a varrer os pátios cheios de árvores, a escola era (é) muito grande, mãe não podia limpar sozinha.

Minha mãe passou a ganhar um salário digno e todas as regalias que o estado oferecia a seus servidores, verdadeira vitória, passamos a viver melhor com mais dignidade e um pouco de conforto. Mãe comprou televisão, geladeira, fogão a gás, meu pai comprou um botijão e um rádio-radiola. Nunca mais passamos fome e minha irmãzinha caçula Cida, que já tinha sete anos, teve uma vida melhor que a nossa na infância, graças a Deus e ao merecimento das duas pessoas mais corretas, corajosas e dignas que já conheci nesse mundo: Minha mãe Alice Maria e meu pai José Joviniano.

Eu comecei a trabalhar como ajudante de farmácia na Farmácia Aragão, que continua até hoje sendo a farmácia tradicional de Ribeira do Pombal.

Comecei a fazer supletivo à noite, porque eu estava atrasada nos estudos, pois sempre parava de estudar para trabalhar.

O meu namoro com Carlos continuava firme e forte.

Ribeira do Pombal/BA - Zona Rural

Continua...
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quinta-feira, 22 de maio de 2014

LARI STUDIO DE BELEZA

Olá mulheres da Colina de Pituaçu e Salvador, finalmente foi inaugurado o Lari Studio de Beleza.
Um ambiente jovem, charmoso e agradável. Comprovem!

O Lari Studio de Beleza não é o salão do momento é o salão para todos os momentos, e conta com as mãos habilidosas da sua competentíssima gestora Larissa Freitas.

Seus cabelos serão cuidados por mãos transformadoras, surpreenda-se, não se arrependerá.
Visando o melhor para o tratamento dos seus cabelos o Lari Studio de Beleza está trabalhando com os mais renomados e confiáveis produtos de tratamento e de beleza.

O que você “quer” para obter mais beleza, brilho, maciez e fortalecimento para seus cabelos será priorizado por Lari, comprove e confie.

Você também pode contar com o privilégio do atendimento com hora marcada, ligue agende sua hora ou vá diretamente ao salão, você será educadamente recebida e prontamente atendida.

Lari está capacitada para cuidar dos seus cabelos sua maquiagem e do seu penteado, além de oferecer serviço de manicure e pedicure.

Diga o que você quer, Lari fará. Quer sugestão? Lari dará, sua satisfação e retorno é prioridade.  
Faça do Lari Studio de Beleza seu salão preferido, recomende para sua irmã, tia, avó mãe e amigas.

Contato: (71) 8753-7502

OBRIGADA.

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sábado, 17 de maio de 2014

"Relatos de uma Sertaneja - Infância" - Capítulo I

Sou natural de Fátima, Bahia, nasci no dia 15 de Agosto do de 1962.
Casada, mãe de quatro filhos, dona de casa consciente das responsabilidades domésticas e familiares. Atualmente, estudante de Pedagogia Social, recentemente, professora de educação infantil.
Dedico meus relatos ao meu esposo Carlos, aos meus filhos Eduardo, Jonatan, Adson e Moisés, e as minhas noras Larissa, Carla e Juliana.

“Relatos de uma Sertaneja” conta as etapas da minha vida: Infância, juventude, casamento e o agora.

“Só poderemos ser verdadeiramente felizes quando fizermos o outro feliz”


Prefácio

Menina do interior nordestino, sertão alto, sertão seco, de família humilde e nesta humildade era uma família educada e essa educação procede de uma mãe lavadeira e um pai pedreiro.
Cresci, cheguei à juventude, coisas boas e ruins aconteceram, tornei-me mulher, esposa, mãe, uma vida construída na dificuldade, no trabalho árduo, na dignidade. Com dias bons e dias ruins, com erros e acertos, que é igual a todo ser humano que busca a graça de viver dignamente, rindo e chorando, amando e sendo amado.
Uma mulher frágil? Uma mulher forte!

“Glorifiquem a Virgem Maria, ela é a mãe da misericórdia, é a nossa proteção nessa vida.”


Infância – 1ª Parte

Nasci em Vila de Fátima, um pequeno povoado no coração do sertão baiano.
Eu era uma garotinha magra, vivia constantemente doente, talvez por falta de alimentação suficiente, porque sempre faltava comida em casa.


Meu pai não tinha emprego, fazia bicos. Minha mãe lavava e passava as roupas de uma ou duas senhoras que se denominavam ricas e o pouco que essas senhoras pagavam não dava para comprar tudo que necessitávamos, então tinha dias que fazíamos apenas uma única refeição.

Éramos sete filhos, dois meninos e cinco meninas. Minha mãe nos ensinava a não chorar por causa da fome, ela dizia que, se não tínhamos comida hoje teríamos amanhã, Deus não deixaria a gente morrer de fome.

Quando eu sentia muita fome, deitava na rede e dormia. Dormia muito porque assim “enganava” a fome.
Tempos depois paramos de passar fome, pois João Maria, uma pessoa de suma importância na história de Vila de Fátima e parente do meu pai, procurou ajudar; ele deu um bom emprego ao meu pai que passou a ser, oficialmente, o carpinteiro e coveiro do cemitério local. Todos nós participávamos desse emprego; meu pai fazia os caixões dos defuntos e nós ajudávamos a decorar. Minha mãe costurava a mortalha e arrumava o morto no caixão, enquanto pai cavava a cova e meus irmãos ajudavam a enterrar. Pode parecer tenebroso, mas para nós era uma festa, por mais estranho que isso possa parecer. Era nosso meio de vida.

Um irmão de minha mãe, tio Lero, era proprietário de uma roça e doou dois hectares de terra para minha mãe “cultivar de meia”, ou seja, tudo que ela plantasse e colhesse dividiria com ele. Minha mãe, mulher trabalhadora retada, fazia plantio de rodízio, após a colheita do milho e feijão, ela plantava aipim, quiabo, abóbora, batata e melancia. Tempos de fartura! Eu não precisava mais dormir o dia todo para enganar a fome, todos os dias tinha comida em casa, então meus irmãos e eu passamos a brincar mais, passamos a ser crianças felizes.


Infância – 2ª Parte

Tempos depois, fomos embora de Vila de Fátima, fomos morar em Bom Conselho, atualmente Cícero Dantas.


Minha avó paterna ficou viúva e herdou duas casas em Bom Conselho, um município um pouco mais evoluído, tinha hospital, escolas públicas e a igreja católica, que ajudava as famílias carentes com doações de alimento, roupas e remédios. Essas doações eram provenientes da igreja matriz, situada em Paulo Afonso.

Minha avó Elvira convenceu meu pai a ir morar naquela cidade, porque lá meus irmãos e eu teríamos a oportunidade de frequentar uma escola, fazer catequese e primeira comunhão. Ela nos deu uma casa! Achei essa mudança ótima, era um mundo novo com oportunidades e perspectivas.

Comecei a frequentar a escola da igreja, onde aprendi a ler na cartilha e a escrever. Conheci o evangelho, fiz catequese e primeira comunhão, depois fui para a escola pública.

Meu pai começou a trabalhar de pedreiro, meu irmão mais velho ajudava em uma pequena padaria, em troca ganhava pão, bolacha e uns trocados de vez em quando.

Mesmo com essas pequenas oportunidades, a vida não era fácil, o dinheiro não dava para as necessidades, então mãe voltou a trabalhar como lavadeira e passadeira de roupas. Ela saia de casa antes do dia amanhecer completamente com uma trouxa de roupas na cabeça. Ela tinha que sair cedo para pegar sua pedra na beira do açude, onde esfregava e batia as roupas para tirar manchas e encardidos. Havia muitas lavadeiras nesse açude, minha mãe sempre me lavava para ajudar. Levávamos farinha, sal, ovos cozidos e bolachas para o momento em que a fome apertasse. Minha irmã Zeza era a mais velha, então ela ficava em casa para cuidar dos irmãos menores.

Quando a professora reclamava por eu estar faltando aulas, mãe não me levava com ela, pois tinha que ir para a escola. Quando eu voltava minha irmã me dava comida e preparava um prato de comida amarrado em um pano para que eu pudesse levar pra minha mãe, que estava no açude. Era muito longe! Tinha dias em que o sol estava tão quente que fazia meu nariz sangrar. Eu tentava estancar com folhas de vilame.

Toda lavadeira levava um filho ou filha para ajuda-la; enquanto elas esfregavam as roupas na pedra grande, as crianças desciam o paredão para pegar água nas latas e encher as bacias para o enxágue das roupas. Eu gostava de fazer isso, era um divertimento. Descia o paredão correndo, enchia a lata, colocava na cabeça, subia o paredão e despejava a água na bacia da minha mãe. Mas, essa ação carecia de atenção, porque nesse açude vivia um jacaré enorme e astuto, que ficava a espreita. Quando ele pressentia alguém na água, mergulhava e atacava. Machucou muita gente e matou vários cães que iam beber água na beira do açude.

Bem... Ajudar minha mãe a lavar roupas era cansativo, mas era também divertido. Cansativo e chato era ajudar a passar. Ferro na roupa! O ferro era a carvão e toda hora eu tinha que assoprar para não deixar apagar. Ainda tinha que segurar aqueles lençóis cheios de goma enquanto minha mãe ia passando. Não podia ter nenhuma ruga, os lençóis tinham que ficar bem lisinhos para agradar as clientes.

A vida de lavadeira e passadeira começou a cansar minha mãe. Ela ganhava pouco, se desgastava muito e não tinha tempo para cuidar de nós e nem da casa. Ela sonhava com um trabalho melhor.
Eu e minhas irmãs não tínhamos brinquedos, então brincávamos de esconde-esconde e de faroeste em cima da serra, pois nossa casa era situada no alto da serra, conhecida como Alto do Bem Querer. A noite, quando tinha lua cheia, brincávamos de roda, enquanto mãe e pai ficavam de papo com os vizinhos.

Minha primeira boneca foi um sonho! Era grande, quase do meu tamanho (eu tinha oito anos) ela tinha cabelos loiros e encaracolados e tinha olhos verdes. Bom, ela tinha as pernas quebradas, sua antiga dona quebrou e sua mãe ia jogar no lixo. Minha mãe tinha ido entregar as roupas lavadas e viu que sua patroa ia jogar aquela boneca ia para o lixo, então ela resolveu perguntar se podia levar para casa. Quando mãe chegou com a boneca foi encantamento total! Nem o fato da boneca estar com as pernas quebradas diminuiu minha felicidade. No mesmo dia mãe fez duas pernas de pano e costurou, não sei como, no corpo da boneca. Ficou perfeito! Ela também fez um lindo vestido e sapatinhos de crochê. Colocou um laço azul nos cabelos e a boneca ficou ainda mais linda. A felicidade transbordava em meu peito! Fiz batizado, aniversário... Tudo que a boneca tinha direito. Ela ficou comigo por muitos anos.

Novamente surgiu a ideia de mudarmos para outra cidade em busca de melhores oportunidades.
Mudamos para Ribeira do Pombal e essa mudança aconteceu da seguinte forma:

Uma amiga da minha mãe, que há muitos anos tinha ido embora de Fátima para morar em Ribeira do Pombal, veio nos visitar, ela falou para minha mãe que seria muito bom se fossemos para lá porque, sendo um município maior, oferecia mais oportunidades de emprego para meu pai e meus dois irmãos, que já estavam na idade de trabalhar, e certamente, mãe deixar de ser lavadeira.

Minha mãe era uma mulher de coragem, que não tinha medo de ousar. Meu pai deixava toda e qualquer decisão nas mãos dela. Então, ela falou com a sogra que estava querendo ir embora conosco para Ribeira do Pombal e pediu sua permissão para vender a casa. O dinheiro da venda seria usado para comprar outra casa na cidade que seria nosso novo lar. Assim foi feito.

Minha mãe foi primeiro, sozinha, para procurar casa para comprar, nós iríamos depois. Ela não encontrou nenhuma que desse para comprar com o dinheiro da venda da outra casa, então pensou em desistir, mas a amiga dela sugeriu que ela alugasse uma casa, fosse buscar a gente e depois, com bastante calma, procuraria uma casa para comprar. Doce ilusão. Não compramos nenhuma casa, pois o dinheiro foi usado para pagar os aluguéis e comprar alimentação, e assim o dinheiro acabou.

Voltamos à estaca zero. Todo mundo sem trabalhar, mãe nem podia lavar roupas, pois não conhecíamos ninguém. Começamos a passar humilhação, mudando constantemente de uma casa para outra, pois não tínhamos dinheiro para pagar o aluguel, passamos fome novamente.

Minha mãe, corajosa e determinada, não permitia que a vida lhe desse rasteiras definitivas, então foi pedir ajuda ao prefeito. Nessa época, o poderio político estava centrado nas mãos dos Brito, família conceituada, respeitada e tradicional, e o prefeito, Sr. Ferreira Brito, era um político voltado para as necessidades dos seus eleitores de baixa renda.

Mãe contou toda nossa história, desde a saída de Fátima até chegar em Pombal, o prefeito ficou sensibilizado e prontificou-se a ajudar. Chamou o encarregado da limpeza pública e mandou contratar mãe para trabalhar de gari, ela ficou muito feliz e começou a trabalhar no outro dia. Ela varria as ruas com tanta boa vontade que passou a ser a melhor gari de Pombal.

Meu pai começou a trabalhar em canteiros de obras, um dos meus irmãos foi trabalhar em uma oficina e o outro em uma padaria.

Mesmo todos trabalhando a situação ainda estava difícil, porque na verdade todos ganhavam pouco e tínhamos que pagar aluguel. Sempre que o aluguel de uma casa aumentava mudávamos para outra, e assim sucessivamente.


Continua...






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sábado, 3 de maio de 2014

Meu presente

Ganhei essa linda cesta hoje, um presente carinhoso da minha turma de pedagogia a faculdade vasco da gama. Quando Vanuza e Gloria vinheram me visitar trazendo a "boniteza" desse presente em nome da turma, não resisti, chorei, mas, foi um choro gostoso de alegria de emoção boa. E maravilhosa se sentir querida, obrigada turma por essa inesquecível demonstração de carinho. Minha turma completara a equipe pedagógica de nível e qualidade inquestionável que o sistema educacional brasileiro carece. Obrigada turma, esse gesto carinhoso fará "parte" da história que estou vivenciando, uma parte fundamental, a melhor parte, o melhor de mim demonstrado por vocês Obrigada.


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