sábado, 20 de dezembro de 2014

Psicologia Escolar

1. A Psicologia Escolar/Educacional
INTRODUÇÃO

Uma das grandes preocupações da psicologia escolar em geral reside nas possíveis articulações entre seus diversos campos teóricos, por ser uma disciplina que comporta vários campos de atuação sendo os mais conhecidos, o psicopedagógico, o clínico, o institucional, o preventivo e o promotor de saúde mental.
O que é Psicologia Escolar e o que faz o psicólogo escolar?
O psicólogo escolar desenvolve, apoia e promove a utilização de instrumental adequado para o melhor aproveitamento acadêmico do aluno a fim de que este se torne um cidadão que contribua produtivamente para a sociedade.
A Psicologia Escolar tem como referência conhecimentos científicos sobre desenvolvimento emocional, cognitivo e social, utilizando-os para compreender os processos e estilos de aprendizagem e direcionar a equipe educativa na busca de um constante aperfeiçoamento do processo ensino/aprendizagem.
Sua participação na equipe multidisciplinar é fundamental para respaldá-la com conhecimentos e experiências científicas atualizadas na tomada de decisões de base, como a distribuição apropriada de conteúdos programáticos (de acordo com as fases de desenvolvimento humano),seleção de estratégias de manejo de turma, apoio ao professor no trabalho com a heterogeneidade presente na sala de aula, desenvolvimento de técnicas inclusivas para alunos com dificuldades de aprendizagem e/ou comportamentais, programa              de desenvolvimento de habilidades sociais e outras questões relevantes no dia-a-dia da sala de aula, nas quais os fatores psicológicos tenham papel preponderante.
Para isto o psicólogo escolar desenvolve atividades direcionadas com alunos, professores e funcionários e atua em parceria com a coordenação da escola, familiares e profissionais que acompanham os alunos fora do ambiente escolar. A partir de uma visão sistêmica, age em duas frentes: a preventiva e a que requer ajustes ou mudanças. Desta forma, contribui Para o desenvolvimento cognitivo, humano e social de toda a comunidade escolar.
2. O psicólogo escolar/educacional
2.1 Histórico e Formação
As origens históricas da Psicologia Escolar remontam ao século XIX. A expansão do ensino público nas cidades da América e da Europa, além da crescente ocorrência de problemas ligados aos menores (abandono, negligência, delinquência e outros), originou a procura por profissionais preparados para fornecer ajuda às escolas e aos órgãos jurídicos legais em relação a problemas de avaliação e compreensão das dificuldades existentes, bem como suas possíveis causas.
E capazes, igualmente, de propor e programar soluções. No final do século XIX e início do XX, dava-se ênfase à avaliação psicológica individual de crianças e adolescentes suspeitos de serem “deficientes mentais, físicos ou morais”. Gradualmente, além dessa ênfase inicial, passaram as clínicas e serviços a desenvolver um trabalho mais amplo no âmbito de problemas de educação e crianças em idade escolar.
Observação, prevenção, intervenção e mensuração de habilidades e capacidades foram os principais alvos dos estudos científicos desenvolvidos. Pesquisas nos Estados Unidos, França, Bélgica, Suíça, Grã-Bretanha, Itália e Alemanha nos campos da inteligência, subdotação e superdotação; desenvolvimento infantil e seus atrasos; diagnóstico, intervenção e ajuda concreta a crianças com dificuldades escolares tiveram grande impulso. Os primeiros serviços de Psicologia Escolar foram criados ao final do século XIX, na França.
Ao longo dos últimos 30 anos os EUA vêm liderando este domínio devido a vários fatores: serviços efetivamente prestados às escolas e aos escolares; consolidação do papel do psicólogo como um profissional (geralmente com mestrado ou doutorado em Psicologia Escolar); produção de pesquisa científica e de literatura básica de síntese de conhecimento e de natureza prática; liderança quanto às associações especializadas (NASP e Divisão de Psicologia Escolar da American Psychological Association - APA). Em 1981, a APA divulgou suas “Diretrizes de especialidades para a prestação de serviços por psicólogos escolares” (APA Guidelines).

2.2 Psicologias Escolares no Brasil
A expulsão dos jesuítas resultou no Brasil, entre outras consequências adversas, no colapso das frágeis bases da educação popular. A precariedade do ensino elementar de Portugal, assim, repetia-se no Brasil. Não é de se estranhar que a Psicologia Escolar tenha uma brevíssima história em nosso país e ainda esteja muito longe de generalizar sua presença e atuação em favor de alunos e professores, de destacar-se como área de pesquisa e de impor-se no contexto de ensino destinado à formação do psicólogo no país.

3. Objetivos da Psicologia Escolar/Educacional
O trabalho do psicólogo escolar/educacional tem como diretriz o desenvolvimento do viver em cidadania. Busca instrumentos para apoiar o progresso acadêmico adequado do aluno, respeitando diferenças individuais. É pautado na promoção da saúde da comunidade escolar a partir de trabalhos preventivos que visem um processo de transformação pessoal e social. Para tanto, baseia-se nos conhecimentos referentes aos estágios de desenvolvimento humano, estilos de aprendizagem, aptidões e interesses individuais e a conscientização de papéis sociais.

 3.1 Finalidades da Psicologia Escolar
A escola é o espaço, por excelência, para propiciar o desenvolvimento integral do ser humano através de propostas concretas e eficazes de intervenção que resultem em impacto social.


Alguns de seus propósitos:
·         Incentivar os educadores (incluídos os próprios psicólogos) para tomada de posições políticas em relação aos problemas sociais que afligem a todos;
·         Estimular a escolha deliberada e conscientemente assumida de uma atuação profissional sustentada por teorias psicológicas, cuja visão contemple o homem em suas múltiplas determinações e relações histórico-sociais;
·         Assessorar a escola no desenvolvimento de uma concepção de educação, na compreensão e amplitude de seu papel, em seus limites e possibilidades, utilizando os conhecimentos da Psicologia;
·         Desenvolver uma concepção de Psicologia voltada a um compromisso social;
·         Propor uma concepção do fracasso escolar não como um processo individual;
·         Mediar os processos de reflexão sobre as ações educativas a partir da atuação com os diversos profissionais da educação;
·         Propor e apoiar a construção de novas alternativas sociais para auxiliar na administração de possíveis deficiências escolares;
·         Compreender e elucidar os processos de desenvolvimento biopsicossocial dos envolvidos com a escola;
·         Compreender e elucidar os processos diferenciados de desenvolvimento da aprendizagem (aprender a aprender) de cada aluno e de cada professor;
·         Compreender e clarificar a construção da subjetividade (construção do Eu) em cada ambiente educacional;
·         Assessorar a escola na busca da humanização do sujeito, através do encontro da cognição com a motricidade, os afetos e as emoções na educação;



Cultivar o enfoque preventivo:
·         Trabalhar as relações interpessoais na escola, visando a reflexão e conscientização de funções, papéis e responsabilidades dos envolvidos;
·         Buscar ser o mediador do processo reflexivo e não o solucionador de problemas;
·         Conscientizar o indivíduo da importância de sua participação e responsabilidade nos grupos em que está inserido, como a família, a escola, o trabalho e a sociedade.

Atividades:
·         Assessorar a escola na construção do Projeto Político-Pedagógico;
·         Apoiar a escola em seu trabalho de resgate do valor e da autonomia do professor;
·         Assessorar o professor na articulação entre a teoria de aprendizagem adotada
·         e a prática pedagógica;
·         Trabalhar com políticas públicas;
·         Conscientizar pais e professores sobre necessidades básicas de crianças e adolescentes;
·         Mobilizar a comunidade educacional em torno de propostas de intervenção
·         Com utilização de recursos da comunidade;
·         Pesquisar, desenvolver, aplicar e divulgar os conhecimentos relacionados com Psicologia Escolar/Educacional.

3. Onde atua a Psicologia Escolar/Educacional
Os espaços e práticas da Psicologia Escolar/Educacional incluem, além das escolas, outras instituições com propostas educacionais, tais como:
·         Clínicas especializadas, consultorias a órgãos que necessitam de compreensão sobre os processos de aprendizagem (Sebrae, Sesi, etc.);
·         Equipes de assessorias com projetos para escolas;
·         Serviços públicos de saúde e educação;
Trabalhos de extensão universitária e projetos de pesquisa em empresas e ONGs, promovendo a educação permanente e a educação no (e pelo) trabalho.
Em suma, espera-se que a psicologia escolar contribua para o bem estar para o desenvolvimento de uma consciência crítica, renovadora, racional e transformadora do homem. O mais importante não é o local de trabalho e sim os pressupostos e finalidades do profissional da educação.

Josefa Zuleide

Pedagogia, Salvador, 2014.

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