Resenha do livro “LIBRAS Conhecimento
Além dos Sinais”
PEREIRA,
Maria Cristina da Cunha, et al. LIBRAS
Conhecimento Além dos Sinais. 1 ed.- Pearson Prentice Hall. São Paulo,
2011.
Maria
Cristina é graduada em Letras (português/inglês) pela Universidade de
Mackenzie, tem mestrado em Linguística Aplicada ao Ensino Língua pela Pontífice
Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), é doutorada em Linguística pela
Universidade estadual de Campinas. Atualmente é professora titular da PUC-SP. É
professora da parte teórica da disciplina Libras e pesquisadora na área da
surdez.
O
Livro LIBRAS Conhecimento Além dos Sinais, publicado pela editora PEARSON é
constituído de 125 páginas, dividido em 4 capítulos. E ao final da obra é
apresentada uma bibliografia de cada autor.
No
prefácio, Eulália Fernandes (prefaciadora) apresenta o trabalho dinâmico que os
autores traçaram durante todo o processo de construção do livro. Esclarecendo
que o ensino e aprendizagem da Libras vai além de somente conhecer os sinais, é
necessário uma sintonia no saber aprender, no visualizar, entender e se
apropriar.(pag.08)
Na
apresentação, é priorizado o valor do reconhecimento da Língua brasileira de
sinais, Libras como língua oficial da comunidade surda no Brasil pela Lei
Federal nº 10.436 de 24 de abril de 2004. O capítulo 1 apresenta uma
perspectiva histórica sobre a surdez e a educação de surdos no mundo e no
Brasil e os primeiros estudos sobre a língua de sinal. O capitulo 2 aborda a
importância da língua de sinais para a constituição dos surdos e da sua
cultura. O capitulo 3 apresenta uma analise dos aspectos, fonológicos,
morfológicos, sintáticos e discursivos da libras, com base em estudos
linguísticos. O capitulo 4 discute aspectos envolvidos na aprendizagem da
libras. Com esse conteúdo os autores esperam contribuir para um melhor
conhecimento e aperfeiçoamento sobre a Libras.
No
capitulo 1, intitulado: “As línguas de sinais sua importância para os surdos”,
os autores nos informam que até a Renascença, a ideia de educar os surdos
parecia impossível, foi a partir do século XVI que começou a história da
educação dos surdos. ERIKSSON (1998), pesquisador surdo sueco refere três fases
na história da educação de surdo. A primeira fase até 1760, as crianças surdas
das famílias abastadas eram ensinadas individualmente por tutores geralmente
médicos ou religiosos. A segunda fase começou no final do século XVIII quando
três homens desconhecidos entre si fundaram escolas para surdos em diferentes
países da Europa. A partir de então, travou-se uma batalha de princípios e
propostas no que diz respeito a linguagem de sinais. No século XIX o oralismo
de Heinicke dominou as escolas para surdos e os professores surdos foram
destituídos do seu papel de educador, a língua de sinal foi proibida na
educação de alunos surdos. Na terceira fase com a proibição da língua de sinais
na educação de surdos por mais de um século impossibilitou os surdos de
prosseguirem os estudos. A primeira escola para surdos no Brasil foi fundada em
1897 no Rio de Janeiro por D. Pedro II. Segundo CICCONE (1996) surdos brasileiros
de várias regiões do país, que para lá se dirigiam foram educados por meio da
língua escrita, do alfabeto digital e dos sinais. Nos últimos anos observa se
um movimento de mudanças na concepção de surdez.
No
capítulo 2 intitulado: “Língua brasileira de sinais-Libras direito dos surdos
brasileiros” os autores informa que os surdos constituem uma comunidade
linguística minoritária, cujos elementos identificadores são a linguagem de
sinais. A comunidade surda vem-se preocupando nos últimos anos em elaborar registros
históricos de pessoas surdas nas diferentes fases da história. PIMENTA e
QUADROS (2007) chamam a atenção para o fato de que pessoas surdas quando estão
em grupos podem conversar entre si intercruzando as conversas sem que estas
interfiram nas outras, isso é possível por causa da língua de sinais. Outro
costume da cultura surda é a conversa direta, o que para a sociedade ouvinte
essa abordagem é considerada rude, especialmente em situações mais formais, já
para os surdos parece ser “sempre” o principio agir de forma a facilitar a
comunicação. No Brasil e no mundo a linguagem de sinais permite aos surdos se
identificarem como sujeitos capazes e atuantes de uma cultura própria cuja
característica principal é ser visual. O objetivo desse capitulo é mostrar a
importância no reconhecimento do uso da língua de sinais para a construção da
identidade surda.
O capitulo
3 intitulado: “Aspectos Linguísticos da língua brasileira de sinais”, os
autores apresentam as características fonológicas, morfológicos e sintáticos da
Libras. No aspecto fonológico, os sinais de libras são formados a partir da
combinação dos movimentos das mãos com um determinado formato em um lugar
específico, podendo ser uma parte do corpo ou um espaço em frente ao corpo
(FILIPE, 2001), ou seja, na formação dos sinais da Libras são considerados os
seguintes parâmetros: configuração das mãos, localização, movimento, orientação
das palmas das mãos e traços não manuais. No aspecto morfológico, a Libras como
a língua portuguesa conta com um léxico e com recursos que permitam a criação
de novos sinais (KILMA e BELLUGI, 1979). Um processo bastante comum na Libras
para a criação de novos sinais é o que deriva nomes de verbos e vice-versa, por
meio da mudança no movimento, exemplo: os sinais SENTAR e CADEIRA tem a mesma
configuração das mãos a mesma localização e a mesma orientação, porém, o
movimento é diferente, mais longo em SENTAR, mais curto e repetido em CADEIRA.
Como na língua portuguesa a Libras organiza seus sinais em classes gramaticais
como substantivos, verbos, pronomes, advérbios, adjetivos e numerais entre
outros. Aspecto sintático, embora pesquisa sobre a ordem dos sinais na Libras
refiram S-V-O com predominante(QUADROS, 1999), a ordem tópico comentário parece
ser a mais utilizada principalmente pelos os surdos não oralizados. O objetivo
desse capitulo é mostrar que a Libras apresenta todos os requisitos das línguas
orais, com a diferença na modalidade de
transmissão: visual-espacial ao em vez de oral-auditiva.
O
quarto capitulo intitulado: “Ensino da Língua brasileira de Sinais”, os autores
apresentam como se deu a oficialização da Libras, bem como algumas dificuldades
comuns no aprendizado dessa língua. Ao longo de anos de lutas as comunidades
surdas brasileiras tem conseguido conquistas significativas em relação ao
direito de uso de Libras. A Lei Federal nº 10.436 aprovada em 24 de abril de
2002 reconhece a Libras como a língua oficial da comunidade surda, esse
reconhecimento trouxe mudanças significativas para a educação dos surdos. Uma
dificuldade comum na aprendizagem da Libras para muitos alunos ouvintes é o
alfabeto manual ou digital. Outros aspectos da Libras que se mostra muito
difícil aos alunos ouvintes é o uso dos traços não manuais, que incluem expressões
faciais, movimento com a cabeça e o olhar, o uso da ordem de sinais nas orações
e principalmente dificuldade com orientação das palmas das mãos. Esse capitulo
apresentou uma reflexão sobre as dificuldades comuns no ensino aprendizagem da
libras para muitos alunos ouvintes.
Finalizando
o livro, os autores dizem que o ensino da Libras envolve mais do que sinais.
Portanto cabe ao professor propiciar aos alunos uma visão sobre os aspectos
educacionais linguísticos da Libras, bem como sobre a cultura surda.
Este
livro proporciona uma significativa discussão sobre vários aspectos do ensino e
aprendizagem da Libras ao longo da história da educação de surdo. Além de
apresentar uma abordagem clara sobre aspectos e características do ensino da Língua
de sinais para a plena constituição da identidade surda, é um livro totalmente
didático e dinâmico. Assim sendo, ele é ideal para alunos ouvintes e
imprescindível para o curso de pedagogia que busca ferramentas certas para um
enriquecido e consciente ensino e aprendizagem do surdo.
Josefa
Zuleide, professora de educação infantil, graduanda na faculdade Vasco da Gama,
Campus Cajazeiras 8, no curso de pedagogia. Salvador, 2015.
resulmo desse livro da pag 1 e 2