CAPITULO IV
A situação estava ficando um tanto quanto difícil em Entre Rios, Carlos, meu esposo, estava sem emprego e sem perspectivas, então, no início do ano (1996) surgiu uma oportunidade de trabalho em Salvador, na área de construção civil, por indicação de um amigo.
A situação estava ficando um tanto quanto difícil em Entre Rios, Carlos, meu esposo, estava sem emprego e sem perspectivas, então, no início do ano (1996) surgiu uma oportunidade de trabalho em Salvador, na área de construção civil, por indicação de um amigo.
Por ser um trabalhador
responsável e competente em pouco tempo conquistou e construiu seu espaço
profissional nos bairros Petromar, Stella Mares e Praia do Flamengo, onde
continua trabalhando até os dias atuais.
Eu e os meninos ficamos em Entre
Rios, no início tudo bem, mas depois comecei a ficar inquieta, não era certo
ele sozinho em Salvador, se era para lutar em busca de uma vida melhor, com
mais oportunidades, então que buscássemos juntos.
Salvador/BA |
Carlos ia pouco a Entre Rios e
não tínhamos como nos comunicar, essa situação carecia de uma decisão, não dava
para continuar daquele jeito.
Os meninos ficaram de férias e eu
conversei com eles sobre a possibilidade de morarmos em Salvador com o pai,
eles ficaram empolgados. Conversei com Dona Josefa, minha sogra, ela
concordou. Sr. Moisés, meu sogro, nos deu o dinheiro das passagens. Tudo
resolvido! Desmontamos e empacotamos os móveis, fechei a casa, entreguei a
chave a minha sogra e viajei para
Salvador com os meus filhos sem o conhecimento de Carlos; e o mais complicado
era que eu nem sabia como chegar até ele.
Essa situação não chegou a me
preocupar pelo seguinte: Minha irmã Edileuza morava em Jauá, litoral norte,
próximo a Salvador, então quando chegamos à rodoviária comprei um cartão
telefônico e liguei para ela avisando que estava na rodoviária e queria ir para sua casa . Ela me ensinou que ônibus pegar e garantiu que me esperaria no
ponto que eu teria que descer e assim aconteceu.
Na manhã do dia seguinte meu
cunhado me levou para Stella Mares a procura de Carlos, ao chegarmos no bairro meu
cunhado perguntou ao segurança do Colégio Apoio se ele conhecia Carlos,
pedreiro de Entre Rios e para nossa sorte ele não só conhecia como sabia a
quadra em que ele estava trabalhando. Em poucos minutos estava diante do meu
marido que, perplexo, me perguntou se eu tinha perdido o juízo em vir para
Salvador sem avisá-lo, mas minha argumentação foi decisiva, expliquei que não
tinha por que ficar em Entre Rios, se ele estava querendo proporcionar o melhor
para os filhos que fizéssemos isso juntos. Eu não voltaria para Entre Rios,
ficaríamos na casa de minha irmã até ele alugar uma casa.
No final de semana Carlos foi nos
buscar em Jauá, porque já tinha alugado uma casa no bairro São Cristóvão, pois
ficava bem próximo de seu local de trabalho. No início foi um pouco difícil,
dormíamos no chão porque os móveis ainda estavam em Entre Rios, e nossas
refeições eram lanches.
Carlos matriculou os meninos em
colégios próximos, nos projetos da igreja católica. Em menos de dois meses foi
pegar nossos móveis e passamos a ter um pouco mais de conforto.
Comecei a trabalhar de diarista
para ajudar nas despesas. Os meninos não davam trabalho mesmo vivenciando um
mundo cheio de novidades e influências, eles mantiveram o respeito e a
obediência.
Com 36 anos de idade engravidei
novamente, no início fiquei triste e preocupada, teria que parar de trabalhar
porque era uma gravidez de risco. Fiz todos os exames solicitados pelo médico
obstetra e, para minha alegria, eu estava ótima, poderia trabalhar normalmente.
Foi uma gravidez tranquila e, no dia 22 de Novembro de 1999, nasceu Moisés
Henrique, meu 4º filho. Saudável, pesava 4,800g, um menino lindo e inteligente,
outro presente de Deus.
Quando Moisés completou 9 meses,
comecei a trabalhar em casa como professora de reforço escolar. Os meninos
cresceram e transformaram-se em rapazes trabalhadores.
Em 2001, Carlos Eduardo alistou-se na
aeronáutica e foi servir nas forças armadas. Um jovem íntegro e conhecedor de
seus deveres enquanto militar. Recebeu por honra ao mérito o título de “Soldado
Padrão”, continuou os estudos na aeronáutica, fez duas formaturas, conquistou a
simpatia do seu comando e o respeito de seus colegas. Eduardo servia sua pátria
por 7 anos, teria uma carreira promissora se essa fosse a sua vocação
profissional, mas ele tinha outros projetos, almejava a carreira de jornalista,
então decidiu estudar jornalismo. Fez a prova do ENEM e vestibular na Faculdade
Jorge Amado, atual UniJorge, passou em ambas. Levou ao conhecimento de seu
comando a necessidade de fazer faculdade, pediu permissão e a obteve.
Inscreveu-se no programa Faz Universitário e Prouni, conseguiu a bolsa de
estudo, matriculou-se na faculdade no turno noturno e durante o dia trabalhava
na base aérea.
Quando chegou o momento de
estagiar, ele deu baixa na carreira militar e aprofundou-se nos estudos e estágios. Sua situação financeira ficou um tanto complicada porque as remunerações dos estágios eram mínimas em comparação ao salário de militar, ele não se permitiu desânimo e para melhor estímulo Larissa sua noiva lhe ajudava com dinheiro para o transporte e para o lanche. Era o futuro dois dois que estava sendo construindo, ela também estudava na Faculdade Jorge Amado no curso de turismo.
Chegou o dia da formatura, a
cerimônia foi memorável. Eu, Carlos, Jonat,an, Juliana Adson e Moisés estávamos repletos
de orgulho; ele muito feliz foi conduzido à frente da bancada cerimonial pela
sua noiva Larissa, uma moça linda e digna, que desde o início do namoro sempre
foi constante e importante na vida dele, hoje estão casados e felizes.Meu filho conquistou sua vitória a passos firmes, ele é
jornalista, fotógrafo e chargista, atua na área de jornalismo político e
digital.
Facebook: Bahia Na Lupa |
Jonatan, outro guerreiro,
corajoso, dedicado aos estudos, um filósofo intelectual. É dono de uma frase
categórica: “O homem, para manter sua dignidade, tem que ter dinheiro na
carteira, dinheiro adquirido da sua capacidade de trabalhar.”
Começou a trabalhar desde cedo;
trabalhou em um laboratório farmacêutico e durante cinco anos trabalhou como
caixa na Dismel, uma tradicional e conceituada loja de material de construção,
nesse período decidiu fazer faculdade de publicidade e propaganda, fez a prova
do ENEM, passou com ótima nota, fez o vestibular na Faculdade Hélio Rocha,
passou, vibrou de felicidade, inscreveu-se no programa Prouni e conseguiu 50%
da bolsa. Em Agosto de 2008 matriculou-se na faculdade e passou a pagar os
outros 50% com seu salário de caixa, mas estava ficando complicado, a outra
metade a ser paga era praticamente o valor do seu salário, não sobrava quase
nada, então optou por pegar um crédito pela própria faculdade, que custeou os
outros 50%.
Conheceu Juliana, sua colega de
curso, iniciaram uma boa amizade que de imediato transformou-se em namoro, não
podia ser de outra forma, porque Juliana é uma jovem linda, culta,
inteligente... Ele fez uma ótima escolha.
Chegou o dia da formatura, pensem
na minha felicidade, outro filho formado! A cerimônia da Faculdade Hélio Rocha
foi tradicional, voltada tão somente para os familiares, foi emocionante, eu,
Carlos, Juliana, Moisés, Eduardo, Adson e Larissa, com muito orgulho, o
aplaudimos de pé.
Ele montou com esforço e
dedicação sua própria agência de publicidade em parceria com seu colega de
curso. Com passos firmes está aos poucos conquistando o concorrido mercado
publicitário.
Facebook: Mostarda Publicidade |
Está noivo de Juliana, sua
companheira de todos os momentos e com certeza, em 2015, se casarão.
Adson Alan, mais um guerreiro sem
dúvida. Desde cedo apresentou uma seriedade inigualável, muito dedicado aos
estudos determinou-se a buscar o melhor para sua vida.
Por consequência de suas
excelentes notas no ensino médio foi contemplado com uma oportunidade de fazer
um curso gratuito no SENAI, fez a prova, passou e passou a estudar logística.
No início do curso conseguiu um estágio na UCI, uma indústria estrangeira
instalada aqui em Salvador. Terminou o curso, recebeu o certificado e quando
concluiu o estágio não foi contratado porque ainda era menor de idade.
Ele começou a trabalhar em uma
lan house e depois no Supermercado Mini Preço, mas não era somente isso que ele
queria, matriculou-se novamente no SENAI para fazer um curso técnico de
manutenção mecânica industrial. A mensalidade era cara, mas ele não hesitou,
recebia seu salário no supermercado e pagava suas mensalidades, não lhe sobrava
nada, nenhum centavo, então eu e o pai ajudávamos com o dinheiro para
transporte e pequenas necessidades.
Sua persistência era admirável,
porque na idade em que ele estava (18 anos), geralmente os jovens gostam de
estar com dinheiro para curtir, mas ele não, seu dinheiro era tão somente para
pagar seu curso, seu investimento para o futuro. Graças a Deus seu sacrifício
foi compensado, hoje ele é professor do SENAI, um professor competente no que
faz e, para completar sua vitória, está estudando engenharia mecânica na
UniJorge; em breve, além de técnico, um brilhante engenheiro.
Para conseguir se matricular e
estudar, ele contou com a grande ajuda de sua noiva Carla, uma grande mulher
que somou muitas coisas boas na vida dele. Já estão casados e desejo com toda
sinceridade do meu ser que sejam felizes juntos.
Moisés Henrique, meu caçula, está
com 14 anos de idade. É um adolescente tranquilo, estudioso, gosta bastante de
vídeo game, é um desenhista nato, desenha os personagens de anime e os
guerreiros dos jogos de vídeo game, toca violão muito bem, admira e respeita os
irmãos.
Está fazendo um curso na área de
tecnologia, em pouco tempo estará no mercado de trabalho.
É fundamental que eu relate algo
de suma importância: Todos os três, Eduardo, Jonatan e Adson Alan, trabalharam
como ajudante de pedreiro com o pai com total dignidade.
São homens de honra.
Continua...