1. A
Psicologia Escolar/Educacional
INTRODUÇÃO
Uma das grandes preocupações da psicologia escolar em
geral reside nas possíveis articulações entre seus diversos campos teóricos,
por ser uma disciplina que comporta vários campos de atuação sendo os mais conhecidos,
o psicopedagógico, o clínico, o institucional, o preventivo e o promotor de
saúde mental.
O que é Psicologia Escolar e o que faz o psicólogo escolar?
O psicólogo escolar desenvolve, apoia e promove
a utilização de instrumental adequado para o melhor aproveitamento acadêmico do
aluno a fim de que este se torne um cidadão que contribua produtivamente para a
sociedade.
A Psicologia Escolar tem como referência conhecimentos
científicos sobre desenvolvimento emocional, cognitivo e social, utilizando-os
para compreender os processos e estilos de aprendizagem e direcionar a equipe
educativa na busca de um constante aperfeiçoamento do processo
ensino/aprendizagem.
Sua participação na equipe multidisciplinar é
fundamental para respaldá-la com conhecimentos e experiências científicas
atualizadas na tomada de decisões de base, como a distribuição apropriada de
conteúdos programáticos (de acordo com as fases de desenvolvimento humano),seleção
de estratégias de manejo de turma, apoio ao professor no trabalho com a
heterogeneidade presente na sala de aula, desenvolvimento de técnicas
inclusivas para alunos com dificuldades de aprendizagem e/ou comportamentais,
programa de desenvolvimento
de habilidades sociais e outras questões relevantes no dia-a-dia da sala de
aula, nas quais os fatores psicológicos tenham papel preponderante.
Para isto o psicólogo escolar desenvolve atividades
direcionadas com alunos, professores e funcionários e atua em parceria com a
coordenação da escola, familiares e profissionais que acompanham os alunos fora
do ambiente escolar. A partir de uma visão sistêmica, age em duas frentes: a
preventiva e a que requer ajustes ou mudanças. Desta forma, contribui Para o
desenvolvimento cognitivo, humano e social de toda a comunidade escolar.
2. O psicólogo escolar/educacional
2.1 Histórico e Formação
As origens históricas da
Psicologia Escolar remontam ao século XIX. A expansão do ensino público nas
cidades da América e da Europa, além da crescente ocorrência de problemas
ligados aos menores (abandono, negligência, delinquência e outros), originou a
procura por profissionais preparados para fornecer ajuda às escolas e aos
órgãos jurídicos legais em relação a problemas de avaliação e compreensão das
dificuldades existentes, bem como suas possíveis causas.
E capazes, igualmente, de propor
e programar soluções. No final do século XIX e início do XX, dava-se ênfase à
avaliação psicológica individual de crianças e adolescentes suspeitos de serem
“deficientes mentais, físicos ou morais”. Gradualmente, além dessa ênfase
inicial, passaram as clínicas e serviços a desenvolver um trabalho mais amplo
no âmbito de problemas de educação e crianças em idade escolar.
Observação, prevenção, intervenção
e mensuração de habilidades e capacidades foram os principais alvos dos estudos
científicos desenvolvidos. Pesquisas nos Estados Unidos, França, Bélgica,
Suíça, Grã-Bretanha, Itália e Alemanha nos campos da inteligência, subdotação e
superdotação; desenvolvimento infantil e seus atrasos; diagnóstico, intervenção
e ajuda concreta a crianças com dificuldades escolares tiveram grande impulso.
Os primeiros serviços de Psicologia Escolar foram criados ao final do século
XIX, na França.
Ao longo dos últimos 30 anos os
EUA vêm liderando este domínio devido a vários fatores: serviços efetivamente prestados
às escolas e aos escolares; consolidação do papel do psicólogo como um
profissional (geralmente com mestrado ou doutorado em Psicologia Escolar); produção
de pesquisa científica e de literatura básica de síntese de conhecimento e de natureza
prática; liderança quanto às associações especializadas (NASP e Divisão de
Psicologia Escolar da American Psychological Association - APA). Em
1981, a APA divulgou suas “Diretrizes de especialidades para a prestação de
serviços por psicólogos escolares” (APA Guidelines).
2.2 Psicologias Escolares no
Brasil
A expulsão dos jesuítas resultou
no Brasil, entre outras consequências adversas, no colapso das frágeis bases da
educação popular. A precariedade do ensino elementar de Portugal, assim,
repetia-se no Brasil. Não é de se estranhar que a Psicologia Escolar
tenha uma brevíssima história em nosso país e ainda esteja muito longe de
generalizar sua presença e atuação em favor de
alunos e professores, de destacar-se como área de pesquisa e de impor-se no
contexto de ensino destinado à formação do psicólogo no país.
3. Objetivos da Psicologia
Escolar/Educacional
O trabalho do psicólogo escolar/educacional
tem como diretriz o desenvolvimento do viver em cidadania. Busca instrumentos
para apoiar o progresso acadêmico adequado do aluno, respeitando diferenças
individuais. É pautado na promoção da saúde da comunidade
escolar a partir de trabalhos preventivos que visem um processo de
transformação pessoal e social. Para tanto, baseia-se nos conhecimentos
referentes aos estágios de desenvolvimento humano, estilos de aprendizagem,
aptidões e interesses individuais e a conscientização de papéis sociais.
3.1 Finalidades da Psicologia Escolar
A escola é o espaço, por
excelência, para propiciar o desenvolvimento integral do ser humano através de
propostas concretas e eficazes de intervenção que resultem
em impacto social.
Alguns de seus propósitos:
·
Incentivar os educadores
(incluídos os próprios psicólogos) para tomada de posições políticas em relação
aos problemas sociais que afligem a todos;
·
Estimular a escolha deliberada e
conscientemente assumida de uma atuação profissional sustentada por teorias psicológicas, cuja visão contemple o homem em suas múltiplas
determinações e relações histórico-sociais;
·
Assessorar a escola no desenvolvimento
de uma concepção de educação, na compreensão e amplitude de seu papel, em seus limites e possibilidades, utilizando os conhecimentos da
Psicologia;
·
Desenvolver uma concepção de
Psicologia voltada a um compromisso social;
·
Propor uma concepção do fracasso
escolar não como um processo individual;
·
Mediar os processos de reflexão
sobre as ações educativas a partir da atuação com os diversos profissionais da educação;
·
Propor e apoiar a construção de
novas alternativas sociais para auxiliar na administração de possíveis
deficiências escolares;
·
Compreender e elucidar os
processos de desenvolvimento biopsicossocial dos envolvidos com a escola;
·
Compreender e elucidar os processos
diferenciados de desenvolvimento da aprendizagem (aprender a aprender) de cada aluno e de cada professor;
·
Compreender e clarificar a
construção da subjetividade (construção do Eu) em cada ambiente educacional;
·
Assessorar a escola na busca da
humanização do sujeito, através do encontro da cognição com a motricidade, os
afetos e as emoções na educação;
Cultivar o enfoque preventivo:
·
Trabalhar as relações
interpessoais na escola, visando a reflexão e conscientização de funções, papéis e responsabilidades dos envolvidos;
·
Buscar ser o mediador do processo
reflexivo e não o solucionador de problemas;
·
Conscientizar o indivíduo da importância
de sua participação e responsabilidade nos grupos em que está inserido, como a família, a escola, o trabalho e a sociedade.
Atividades:
·
Assessorar a escola na construção
do Projeto Político-Pedagógico;
·
Apoiar a escola em seu trabalho
de resgate do valor e da autonomia do professor;
·
Assessorar o professor na
articulação entre a teoria de aprendizagem adotada
·
e a prática pedagógica;
·
Trabalhar com políticas públicas;
·
Conscientizar pais e professores
sobre necessidades básicas de crianças e adolescentes;
·
Mobilizar a comunidade
educacional em torno de propostas de intervenção
·
Com utilização de recursos da
comunidade;
·
Pesquisar, desenvolver, aplicar e
divulgar os conhecimentos relacionados com Psicologia Escolar/Educacional.
3. Onde atua a Psicologia
Escolar/Educacional
Os espaços e práticas da
Psicologia Escolar/Educacional incluem, além das escolas, outras instituições
com propostas educacionais, tais como:
·
Clínicas especializadas,
consultorias a órgãos que necessitam de compreensão sobre os processos de
aprendizagem (Sebrae, Sesi, etc.);
·
Equipes de assessorias com
projetos para escolas;
·
Serviços públicos de saúde e
educação;
Trabalhos de extensão
universitária e projetos de pesquisa em empresas e ONGs, promovendo a educação permanente
e a educação no (e pelo) trabalho.
Em suma, espera-se que a
psicologia escolar contribua para o bem estar para o desenvolvimento de uma
consciência crítica, renovadora, racional e transformadora do homem. O mais
importante não é o local de trabalho e sim os pressupostos e finalidades do
profissional da educação.
Josefa Zuleide
Pedagogia,
Salvador, 2014.