domingo, 3 de maio de 2015

QUANDO SE FERE UM PROFESSOR



É de certo que professor nesse pais sempre apanhou.
Apanha pela falta de reconhecimento, apanha pelo salário indigno.
Apanha pela luta histórica por um sistema educacional que o tenha como umas das peças fundamentais da construção de uma educação de qualidade
Apanha pela rotina de trabalho, apanha pela desmotivação dos alunos.
Apanha pelo sistema educacional defasado, com seus critérios retrógrados de avaliação.
Apanha pela obrigatoriedade de cumprir um programa pedagógico que não condiz com a realidade do aluno, servindo de ferramenta para a sua vida prática.
Apanha consequentemente pelo simples fato de ter abraçado essa profissão.
Agora os professores, mais uma vez apanharam literalmente no PARANÁ.
Foram mordidos por cães, feridos com balas de borracha e tratados como marginais.
Apanharam do Poder Público, do Poder Uniformizado amparado pelo poder do Estado.
Um país que bate em professor diz muito da importância com que trata a educação.
Diz muito da valorização de um mestre, responsável inclusive pela formação dos filhos daqueles que os espancaram em via pública, e dos filhos daqueles que legitimam essa ação.
Segundo a policia, alguns dos professores estavam armados, por isso o motivo do confronto.
Mas, sabemos que a arma do professor, aquela da qual o estado teme, é outra. É a arma que prepara cidadãos e os tornam livres da obrigação do voto de cabresto, os tornam livres da manipulação, lhe possibilita uma condição mais digna de cidadão e o torna um ser mais pensante e ativo, como desejam os professores de fato comprometidos com seu ofício.
Quando se tortura um professor, não está se torturando apenas um corpo físico. tortura-se o corpo simbólico, tortura-se o conhecimento, tortura-se a já desacreditada educação.
A tortura não espanca apenas o ser, tortura a esperança na renovação de uma das mais dignas e significantes profissões para a formação de um povo!
Quando se bate eu um professor, bate-se também no aluno, que já não será tão bem mais iluminado por essa chama, que depende da auto-estima do seu mestre.
Um estado que espanca um professor, provoca uma sangria em toda uma comunidade: sangra a escola, sangram os alunos, sangra o saber, sangra a esperança, destrói o simbólico, nos desampara da crença e um país que não se modificará, porque ferida estará a alma dos seu mestres.Iluminadores de tantas outras almas.
professores são faróis, centelhas de um povo que vive na escuridão do atraso social e politico, de um estado que fecha as portas da esperança de um povo que espera com urgência atravessar esse túnel obscuro, o da falta de conhecimento.
Quando um professor sangra a educação sangra junto com ele.

DE: JOAQUIM D BANDA CASACA DE COURO.

SALVADOR, 03/05/2015



  

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